• Análise da Final no Planeta Basket

    Assegurada por ambas as equipas a subida de divisão, principal objectivo da época, Guifões e Algés disputaram no Pavilhão de Pousos o direito a ficar na história da modalidade com o título de campeão nacional do CNB1. Ambos disputaram esse direito de uma forma empenhada, num jogo que sem ter sido brilhante e com uma marcação baixa, teve ainda assim momentos de bom basket.

    Os dois clubes partilham, tal como outros deste campeonato, a saudável característica de apresentarem equipais seniores predominantemente oriundas dos seus escalões de formação e compostas por jogadores que jogam juntos há várias épocas. Factor determinante para o resultado do confronto foi o peso da experiência. Com uma média de idades superior, o Guifões nunca se atrapalhou com a impetuosidade defensiva do Algés e não permitiu os roubos de bola e contra-ataques que desempenham habitualmente um papel importante na forma como a equipa do Sul aborda o jogo. Limitando o adversário nos seus pontos fortes, o Guifões impôs o seu estilo de jogo, defendendo concentrado, alternando soluções no ataque e usando o contra-ataque nos momentos adequados. O Algés, equipa ainda com margem de progressão, não se mostrou inferior dos pontos de vista atlético e técnico, mas os períodos de desconcentração que teve durante o jogo e a muito baixa percentagem de lançamento exterior foram-lhe fatais.

    No 1º período, apesar de ser a defesa do Algés a mais agressiva, acabou por ser a do Guifões a mais eficaz. Quando uma equipa marca poucos pontos, é sempre subjectivo dizer se foi o ataque que esteve mal ou a defesa adversária que esteve bem. No caso presente terá sido um pouco de cada uma das razões que provocou o desperdício de várias posses de bola por parte do Algés. A rotação, iniciada ainda no 1º período, não evitou os erros cometidos, nomeadamente perdas de bola logo a seguir a recuperações, violação dos 24 segundos e lançamento exterior desastrado. O Guifões cometeu muito menos erros sempre que teve a posse de bola, o que lhe valeu chegar ao fim do 1º período na frente (17-8).

    O 2º período, tal como o 1º, iniciou-se com um triplo do Guifões. Logo de seguida uma perda de bola do Algés parecia apontar para um aumento da vantagem da equipa do Norte. No entanto o Algés conseguiu reagir e este acabou por ser o seu melhor período e o único que conseguiu vencer. Com 3 minutos e meio jogados o Algés aproximou-se a apenas 2 pontos, mas não conseguiu manter-se consistente e permitiu novo afastamento do Guifões. Um excelente desarme de lançamento sobre um contra-ataque do Guifões poderia ter motivado a equipa, mas a perda de bola que imediatamente se seguiu cortou-lhe a possibilidade de equilibrar o jogo. A equipa do Norte manteve-se sempre serena, nunca tremeu com as tentativas de aproximação do Algés no marcador, e no fim da 1ª parte mantinha 6 pontos de vantagem (30-24).

    O 3º foi o período em que o Algés melhor demonstrou capacidade para disputar a vitória e o Guifões melhor demonstrou o espírito de “matador”. A defesa zona montada pelos sulistas, com todos os jogadores concentrados, criou dificuldades ao ataque do Guifões que só conseguiu marcar de lance livre até perto do fim do período. Com 5 minutos jogados o Algés concretizou um dos poucos contra-ataques que conseguiu durante o encontro e empatou (32-32). Tal como já tinha acontecido antes, a seguir a uma acção bem conseguida o Algés deixou-se dominar pela ansiedade e bloqueou no ataque de tal forma que não voltou a marcar até ao final do período. É nos momentos de viragem dos jogos que a capacidade de controlo das emoções se torna determinante, e nesse aspecto o Guifões tirou partido da superior maturidade dos seus jogadores e levou clara vantagem. Sem se impressionar com as dificuldades, o Guifões manteve sempre a frieza, esperou pelos erros do adversário e não desperdiçou as oportunidades. Com 8 pontos nos últimos 2 minutos, o Guifões destruiu todo o esforço de recuperação do Algés e levou a diferença para 10 pontos (42-32).

    O último período teve duas partes distintas. Nos primeiros 3 minutos e meio o Algés manteve a combatividade e procurou de novo a aproximação no marcador. A partir dessa altura, que coincidiu com o averbamento de uma falta técnica a um dos seus jogadores, o Algés pareceu deixar de acreditar na vitória e limitou a sua marcação a 5 pontos nos 6 minutos e meio restantes. Indiferente às oscilações do adversário manteve-se o Guifões. Nunca perdendo o controlo, foi aumentando calmamente a diferença até aos 19 pontos finais (63-44).

    A bancada, com predominância de adeptos vindos do Norte, esteve à altura do evento e conferiu à final do CNB1 o carácter saudável de festa civilizada que se deseja para a afirmação e prestígio do basquetebol.

    Para o Algés, a época não deixou de ser um sucesso, apesar da derrota na final. O objectivo de subida de divisão foi conseguido e a experiência adquirida pode ser-lhe muito útil, se for bem aproveitada no sentido de elevar o nível de concentração dos jogadores no jogo.

    O Guifões é um justíssimo campeão do CNB1. Se se tratasse de atletismo, diríamos que fez uma corrida de trás para a frente. Com uma 2ª volta da fase regular melhor que a 1ª, o Guifões apresentou-se no pico de forma no momento decisivo. A maturidade da equipa fez o resto e garantiu-lhe a vitória.
     

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